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Aprender idiomas molda a mente e amplia o potencial cerebral

Em um mundo cada vez mais globalizado, ser bilíngue (falar dois idiomas) transcende as fronteiras da comunicação, oferecendo notáveis benefícios cognitivos. Pesquisas recentes revelam que aprender idiomas não só melhora a função executiva e a memória, as habilidades de realizar multitarefas e o processo de tomada de decisão e também pode atrasar o início de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. 

Ellen Bialystok da York University, Fergus I.M. Craik da Rotman Research Institute of Baycrest e Gigi Luk da Harvard Graduate School of Education no artigo Bilingualism: Consequences for Mind and Brain (Bilinguismo: Consequências para a mente e o cérebro) investigaram como o bilinguismo afeta a função executiva, incluindo atenção e habilidades de resolução de problema e demonstraram que indivíduos bilíngues possuem maior capacidade de focar, resolver problemas complexos e gerenciar tarefas múltiplas eficientemente e identificaram que as crianças bilíngues eram superiores aos monolíngues na maioria dos testes, especialmente naqueles que requeriam manipulação e reorganização de símbolos.

Esta diferença inesperada entre crianças monolíngues e bilíngues foi posteriormente explorada em estudos que demonstraram uma vantagem significativa para as crianças bilíngues na sua capacidade de resolver problemas linguísticos baseados na compreensão de conceitos como a diferença entre forma e significado, ou seja, consciência metalinguística e problemas não-verbais que exigiam que os participantes ignorassem informações enganadoras.

Lin Luo, Fergus I M Craik, Sylvain Moreno e Ellen Bialystok no artigo Bilingualism interacts with domain in a working memory task: evidence from aging (O bilinguismo interage com o domínio numa tarefa de memória de trabalho: provas do envelhecimento). Pesquisaram o impacto do bilinguismo na memória de trabalho identificando as causas de envelhecimento da memória e como isso se relaciona com a idade dos indivíduos.

Adultos mais jovens e mais velhos, monolíngues ou bilíngues, foram testados com tarefas da memória de trabalho verbal e espacial. O envelhecimento foi associado a um maior declínio da memória espacial do que da memória de trabalho verbal, mas os declínios relacionados com a idade foram equivalentes em ambos os grupos linguísticos. Os participantes bilíngues tiveram um desempenho superior ao dos monolíngues na memória de trabalho espacial, mas atingiram níveis de desempenho inferiores aos dos monolíngues na memória de trabalho verbal.

Boaz Keysar, Sayuri L Hayakawa, Sun Gyu An no artigo The foreign-language effect: Thinking in a foreign tongue reduces decision biases? (O efeito da língua estrangeira: pensar numa língua estrangeira reduz os enviesamentos de decisão?). O artigo discute como o uso de uma língua estrangeira poderia afetar a tomada de decisões, levando a escolhas menos enviesadas e mais analíticas. O artigo estudou se uma pessoa faria as mesmas decisões usando uma língua estrangeira e concluiu que a utilização de uma língua estrangeira reduz o enviesamento no processo de tomada de decisões.  

Jean Marc Dewaele e Li Wei no artigo Is multilingualism linked to a higher tolerance of ambiguity? (O multilinguismo está associado a uma maior tolerância à ambiguidade?). Este estudo explora a relação entre multilinguismo, tolerância à ambiguidade e sensibilidade cultural.

O estudo investigou a relação entre o multilinguismo (falar diversas línguas) e o traço de personalidade tolerante à ambiguidade (TA) entre 2.158 monolíngues, bilíngues e multilíngues. Os monolíngues e os bilíngues obtiveram uma pontuação significativamente mais baixa no que se refere à tolerância à ambiguidade em comparação aos multilíngues. Um nível elevado de proficiência global em várias línguas estava associado a pontuações mais elevadas em tolerância à ambiguidade.

Tom A Schweizer, Jenna Ware, Corinne E Fischer, Fergus I M Craik e Ellen Bialystok no artigo Bilingualism as a contributor to cognitive reserve: evidence from brain atrophy in Alzheimer’s disease O bilinguismo como fator de reserva cognitiva: provas da atrofia cerebral na doença de Alzheimer) concluíram que o bilinguismo parece contribuir para o aumento da reserva cognitiva (RC), atrasando assim o início da doença de Alzheimer (DA) e exigindo a presença de uma maior quantidade de neuropatologia antes da doença se manifestar.

Benefícios econômicos de ser proficiente em idiomas

Dados recentes da última pesquisa de remunerações da consultoria de RH Catho indicou que “um profissional brasileiro com fluência no idioma pode ter o salário até 61% maior do que alguém sem essa habilidade. Por exemplo, nos cargos de coordenação, uma pessoa que fala inglês pode ganhar até 61% a mais do que um trabalhador que tem apenas conhecimentos básicos no idioma. Já nos cargos de diretoria, a diferença salarial é de até 56%”.

O professor e economista Diercio Ferreira, autor do livro Seu futuro no mercado financeiro – certificação profissional Anbima CPA-20 descomplicada entende que “conforme revelado pela pesquisa da Catho, a fluência em um idioma estrangeiro pode significar não apenas uma vantagem competitiva no mercado de trabalho, mas também uma expressiva valorização salarial, ilustrando o valor tangível que habilidades linguísticas podem adicionar à trajetória profissional de um indivíduo”.

O Professor Diercio também reforça que “em um mundo cada vez mais globalizado, onde as interações multiculturais e as oportunidades de carreira internacional se expandem, aprender idiomas emerge não apenas como um diferencial competitivo, mas como uma necessidade premente. Portanto, encorajar o aprendizado de idiomas é mais do que uma questão de expansão intelectual; é um imperativo econômico e profissional, capaz de abrir portas para oportunidades inestimáveis, enriquecendo nossa compreensão do mundo e posicionando-nos de maneira privilegiada no cenário global”.

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