Setor de brindes passa por transformação
O mercado brasileiro de brindes corporativos está vivendo um momento de transformação de processos, algo semelhante ao experimentado pelo setor de papelaria gráfica no início da última década. É o que se pode constatar a partir do relatório “O Setor Brindeiro no Brasil”, produzido pela brasileira LTP Personalização com dados de 4,5 mil agências de brindes.
Estas agências agora exigem interação digital e condições de entrega ultrarrápida. Assim como ocorreu anteriormente na área de papelaria gráfica, atualmente também não são aceitos limites de lotes mínimos para a personalização dos produtos para as agências.
“O planejamento de campanhas com brindes está ficando mais pontual. Assim, a ideia de estocar estes itens está dando lugar a um hábito de aquisição em volume menor, e em cima das demandas”, explica Carla Olinda, diretora da LTP Personalização.
A própria LTP lançou em 2024 o seu modelo de atendimento “Non-Stop”, com produção em 24/7. Desde então, a gravadora disponibiliza a opção de um aplicativo inteligente para apoiar os brindeiros a controlar o ciclo de projetos e enfrentar desafios da urgência.
Várias agências já utilizam a ferramenta, como, por exemplo, a aprovação de layout de pedidos à noite ou aos domingos, via smartphone, ou para checar o andamento de projetos fora do horário comercial.
A rejeição de estoques domésticos ocorre em paralelo à tendência de maior especialização das agências de brindes. Um exemplo são as boutiques focadas em presentes para o RH. Como conhecem, de antemão, as táticas do gestor de pessoal, elas já têm no portfolio propostas de brindes ideias para o onboarding, incentivo e retenção de colaboradores.
Esta segmentação se constata também em empresas focadas em medalhas e troféus para torneios esportivos, feiras de negócios, casamentos, grandes espetáculos, eventos de rua e até brindes religiosos.
Há alguns meses, a Exame mostrou o caso de uma startup, dedicada ao armazenamento, transporte e gestão centralizada de estoque para brindes corporativos em grandes corporações. E várias concorrentes com este perfil começam a aparecer. No mesmo movimento, emergem ofertantes de sistemas de gerenciamento de materiais de campanhas para as próprias agências de brindes, como é o caso da “Brinde.Me”, em um nicho emergente de desenvolvedores.
Engenharia reversa para brindes
Na corrida de transformações do setor, a LTP Personalização investiu em maquinário dotado de scanners inteligentes e softwares de engenharia reversa. Entre os fabricantes globais desta infraestrutura, a japonesa Mimaki disponibiliza tecnologias para personalizar produtos de formatos assimétricos, em múltiplos materiais, a partir de simples imagens digitais enviadas pela agência de brindes.
Em 2024, o parque de personalização da LTP atingiu 500 colaboradores e 250 máquinas, incluindo 20 unidades com tecnologia Mimaki. A empresa incorporou ainda uma família de equipamentos com inteligência artificial da norte-americana Amica System que permitem gravar de uma até mil peças por dia, e contam com escaner de captura remota.
Com o software da Amica, rodando em máquinas de gravação UV em 360 graus, a LTP está conseguindo projetar a decoração para garrafas e peças cônicas ou cilíndricas, sem que as agências necessitem enviar um layout detalhado do objeto final desejado.
“Antes era muito complicado personalizar este tipo de brinde porque o cálculo de distorção de imagem, entre o gargalo e a base, é extremamente complexo”, afirma Alexandre Ferreira, gerente de vendas da Amica Systems do Brasil.
A Personalização In-loco
Há quatro anos, a empresa iniciou a oferta de serviço móvel para eventos, envolvendo as agências de brindes. De lá para cá, ativou cerca de 150 campanhas de personalização face-a-face. Em 2024, o serviço in-loco foi usado em eventos esportivos, como a Corrida Pão de Açúcar (para a personalização de medalhas e troféus) e também ocorreram ativações em shopping centers e lojas de 11 cidades, no engajamento presencial do consumidor. Incluindo-se aí a gravação do nome de cliente em tênis, garrafas, uísque, perfumes e em presentes comprados em shopping centers.
Na visão de Alexia Grer, gerente de marketing da LTP, um desafio da personalização é garantir ofertas impactantes para a linha de frente do negócio (as agências) e calibrar o custo final para gerar ganha-ganha no atual cenário de competição feroz.
“A aliança com as agências de brindes está na base do nosso mapa de ida ao mercado, elas estão nos exigindo vendas consultivas para processos como a definição de preço, prontidão de atendimento e apoio técnico aos projetos”, afirma a executiva.