Contabilidade estratégica impulsiona decisões corporativas


A contabilidade estratégica tem conquistado cada vez mais espaço no ambiente corporativo, ao evoluir de uma função essencialmente registradora para uma postura analítica e consultiva.Com a digitalização dos processos contábeis — abordagem que analistas apontam como resultado da adoção de sistemas em nuvem, automação e big data no setor contábil brasileiro” e com a expectativa de reformas tributárias que poderão ganhar força nos próximos anos, empresas de diversos segmentos buscam contadores capazes de integrar dados contábeis e financeiros às diretrizes de gestão, antecipar cenários e apoiar decisões estratégicas.
No Brasil, o Portal de Transparência do CRC‑SP informa que, até 31 de maio de 2025, São Paulo contava com 152.393 profissionais com registro ativo, aproximadamente 28% do total nacional. Além disso, 29.050 organizações contábeis (ou cerca de 28% do total do país) estão sediadas no estado. Esses números reforçam a concentração da atividade contábil naquele estado e sua importância na estrutura profissional brasileira.
Embora sejam escassas pesquisas que apresentem percentuais uniformes para melhorias na gestão por adoção da contabilidade gerencial, estudos acadêmicos apontam que muitas empresas, especialmente micro e pequenas, ainda fazem uso limitado dessas práticas. Por exemplo, pesquisa sobre contabilidade gerencial em micro e pequenas empresas mostra que técnicas como orçamento, análise de custos e projeções são utilizadas como instrumentos para apoiar decisões — embora existam barreiras de conhecimento e adaptação no processo.
Outro estudo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), analisa o impacto da contabilidade gerencial em empresas brasileiras e evidencia que essas práticas podem aprimorar o processo decisório ao fornecer informações detalhadas e relevantes à gestão.
O papel consultivo do contador é enfatizado quando se considera que seu trabalho deve ir além da execução técnica e incorporar visões estratégicas. Nesse sentido, o contador deixa de ocupar posição coadjuvante na estrutura empresarial e passa a colaborar com decisões de médio e longo prazo.Por meio da análise de dados, simulações e cenários, ele atua como elo entre os números contábeis e as estratégias operacionais e financeiras.
Segundo Márcio Martins, contador e sócio do MMartins Contábil, “antecipar riscos, identificar oportunidades e traduzir números em diagnósticos que orientem decisões estratégicas é essencial para o sucesso das empresas”. Para ele, essa abordagem transforma a contabilidade em um verdadeiro investimento para o negócio.
Mencionada em publicações do CRC‑SP, a digitalização contábil também colabora com essa transformação, ao liberar o profissional de tarefas repetitivas e permitir que mais tempo seja dedicado a análises e consultoria. O registro ativo no CRC demonstra que a habilitação profissional é requisito fundamental para o desempenho dessas funções.
Diante das mudanças regulatórias esperadas e da crescente complexidade do ambiente empresarial, a contabilidade passa a ocupar um lugar central na governança corporativa, agindo como instrumento de suporte para sustentabilidade e estratégia das organizações.