Frio deve aquecer o varejo de moda e a produção em 2025


Após anos marcados por temperaturas acima da média, o inverno de 2025 chega com uma mudança climática relevante: a ausência do El Niño e a possível formação do fenômeno La Niña indicam um período mais frio e úmido em grande parte do Brasil. Essa mudança já movimenta os bastidores da cadeia produtiva da moda, que vê no novo cenário climático uma oportunidade para impulsionar as vendas de produtos sazonais, fortalecer a indústria nacional e gerar empregos no setor.
Segundo levantamento do IEMI – Inteligência de Mercado, o setor deve registrar crescimento em vendas e faturamento com a coleção de outono/inverno este ano. As estimativas apontam que, no período de maio e agosto, o volume de peças comercializadas chegará a 2,2 bilhões, representando um aumento de 2,5% em relação às 2,1 bilhões de peças vendidas no mesmo período de 2024. Já a receita nominal do setor deve alcançar R$ 103,7 bilhões, alta de 4,5% frente aos R$ 99,2 bilhões do ano anterior.
Para a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), que representa as principais redes varejistas do país, o momento é estratégico para o setor se reestruturar e reafirmar a relevância da cadeia nacional de moda. “Um inverno mais frio é também uma chance para aquecer a produção nacional e demonstrar a capacidade da nossa indústria de responder com agilidade, criatividade e qualidade. O varejo precisa estar preparado para aproveitar esse impulso, com coleções adaptadas e logística eficiente”, afirma Edmundo Lima, diretor executivo da entidade.
“O clima é um dos principais fatores de influência nas vendas do setor. Um inverno mais rigoroso favorece diretamente a produção e a venda de roupas como casacos, malhas, botas e acessórios térmicos, produtos com maior valor agregado e giro sazonal”, explica Marcelo Prado, economista e sócio-diretor do IEMI.
A ABVTEX reforça que, mesmo diante das boas perspectivas para o inverno, o avanço de plataformas internacionais de e-commerce com benefícios fiscais superiores ao mercado local ainda representa uma ameaça à indústria e varejo nacionais. o avanço das importações de roupas é um ponto de atenção para o setor. Nesse sentido, a ABVTEX alerta para a importância de garantir um ambiente competitivo mais equilibrado e igualitário. “A isonomia tributária e regulatória são condições básicas para que o varejo brasileiro possa competir em pé de igualdade, gerar empregos formais e manter investimentos na cadeia produtiva”, destaca Lima.
Diante de um cenário climático mais favorável e da resiliência do setor, o inverno de 2025 se apresenta como um ponto de virada para o varejo de moda. A combinação entre sazonalidade, produção local e inteligência comercial pode ser determinante para recuperar margens, acelerar vendas e fortalecer o papel estratégico da indústria têxtil brasileira.