Neuroarquitetura integra luxo e redefine espaços


Cores neutras, materiais naturais, texturas e fragrâncias personalizadas passam a ser utilizados em projetos arquitetônicos que buscam integrar estética e bem-estar. Essa linha de atuação é conhecida como neuroarquitetura.
A proposta consiste em projetar ambientes considerando como o cérebro reage a estímulos espaciais, com o objetivo de favorecer conforto, sensação de pertencimento e equilíbrio. Para Maria Fernanda Wiethorn Aliano, fundadora do estúdio de arquitetura we.arch, do Grupo FG, trata-se de uma mudança de paradigma. “A casa deixou de ser apenas abrigo. Hoje ela reflete quem somos e o que sentimos. Por isso, cada detalhe precisa ter intenção”, afirma.
Na prática, o trabalho da we.arch começa com uma escuta cuidadosa: um briefing que mapeia memórias afetivas, hábitos, sensações de conforto e referências visuais. “Projetar com base na neurociência é entender o que aquele cliente precisa para se sentir bem, e traduzir isso em forma, cor, temperatura e luz”, explica Maria Fernanda.
A estética minimalista e a sofisticação silenciosa dos projetos do estúdio são resultados dessa escuta. “O luxo hoje está nos detalhes essenciais. Um espaço com ventilação cruzada, luz natural e peças que têm significado vale mais do que qualquer modismo”, afirma. Para ela, a neuroarquitetura já deixou de ser uma tendência. “O mercado exige mais consciência. As pessoas buscam ambientes que acolham, tragam presença e ajudem a desacelerar. Nosso papel como arquitetos é oferecer essa experiência.”
Mesmo sem uma grande reforma, é possível aplicar princípios da neuroarquitetura em casa. Segundo Maria Fernanda Wiethorn Aliano, fundadora da we.arch, pequenas mudanças já podem gerar impacto positivo no seu bem-estar, como:
Aproveitar a luz natural
A proposta pode influenciar o humor, o sono e a produtividade. Sempre que possível, abrir janelas e cortinas durante o dia, reposicionar móveis para deixar áreas de uso próximas da luz natural e evitar bloquear a entrada de sol com objetos ou cortinas pesadas. Isto ajuda a regular o ritmo biológico e tornar o ambiente mais vivo e acolhedor.
Escolher materiais naturais
Madeira, algodão, pedras, cerâmicas e fibras como linho ou rattan possuem propriedades táteis e visuais capazes de transmitir conforto, acolhimento e conexão com a natureza. Agradar ao toque, envelhecer bem e reforçar a sensação de atemporalidade nos ambientes.
Reduzir estímulos visuais
Ambientes com excesso de informação visual geram cansaço mental. Optar por paletas de cores neutras, manter superfícies limpas e evitar excesso de objetos decorativos. Contribuir para a sensação de calma e foco — especialmente em espaços de descanso, como quartos e salas.
Incluir memórias no décor
Peças que remetem à história — como foto de família, objeto de viagem ou móvel herdado — aumentam a sensação de pertencimento e conforto. Ajudar o cérebro a reconhecer o espaço como familiar e seguro, fortalecem vínculo afetivo com a casa.
Usar aromas sutis
A aromaterapia é uma aliada da neuroarquitetura. Fragrâncias como lavanda, capim-limão ou baunilha, quando usadas com moderação, evocar sensações de relaxamento, frescor ou acolhimento. Utilizar difusores, velas e sprays de ambiente como formas simples de trazer estímulo sensorial para o cotidiano.
A neuroarquitetura aplica fundamentos da ciência e do comportamento humano no planejamento de espaços, propondo novas formas de compreender a relação entre pessoas e ambientes de moradia. Para Maria Fernanda, essa é a direção da arquitetura no presente e no futuro. “Projetar com alma, presença e propósito é o que transforma um espaço em lar”, conclui a especialista.