Produtividade do trabalhador brasileiro enfrenta desafios e aponta perspectivas
O desempenho da produtividade do trabalhador brasileiro passou por altos e baixos nos últimos anos, especialmente durante e após a pandemia de Covid-19. No início de 2022, os pesquisadores do Observatório da Produtividade Regis Bonelli identificaram um fenômeno preocupante: o aumento da produtividade registrado no começo da pandemia não se sustentou. Esse crescimento inicial foi impulsionado pela perda de empregos de trabalhadores menos qualificados, o que alterou a composição do mercado de trabalho temporariamente.
De acordo com o Observatório, em 2020, a produtividade por hora efetivamente trabalhada registrou um crescimento de 12,7%. No entanto, essa elevação foi seguida por ajustes negativos nos anos subsequentes. Em 2021, a produtividade caiu drasticamente, com uma retração de 8,1%, e, em 2022, a queda continuou, embora de forma mais branda, com um recuo de 4,4%.
Esses números refletem a volatilidade do mercado de trabalho brasileiro em meio à crise sanitária e econômica provocada pela pandemia. A perda de empregos durante esse período afetou principalmente trabalhadores menos qualificados, o que inicialmente contribuiu para a elevação dos indicadores de produtividade. Entretanto, conforme o mercado foi se ajustando e a economia tentou retomar seu ritmo, os ganhos se mostraram insustentáveis, resultando em retrações sucessivas.
Em 2023, os estudos do Observatório indicaram uma nova fase. A produtividade por hora trabalhada voltou a crescer, registrando uma expansão de 1,9%. Esse resultado sugere uma recuperação gradual e aponta para uma possível estabilização, embora ainda haja desafios significativos a serem enfrentados para garantir um crescimento sustentável a longo prazo.
A análise dos dados pelo Observatório da Produtividade Regis Bonelli, destacada em matérias e editoriais do jornal Valor Econômico, demonstra a complexidade da recuperação econômica do Brasil. A retomada dos níveis de produtividade depende de diversos fatores, como investimentos em educação, qualificação profissional, inovação e infraestrutura, além de um ambiente regulatório mais eficiente e inclusivo.
E o que pode ser feito para que o Brasil consiga sair desta situação de baixa produtividade? Segundo Angelo Toyokiti Yasui, Pró-Reitor Acadêmico do Centro Universitário Paulistana – UniPaulistana, “a resposta não é trivial, já que esta realidade está se formando há décadas, mas determinadas ações são imprescindíveis”.
Para ele, algumas medidas são essenciais, como: “Investir em educação, pesquisa, desenvolvimento e inovação. Além de fomentar as parcerias público-privadas, melhorar a infraestrutura logística, ampliar a desburocratização, reduzir o papel do estado no ambiente de negócios, e por fim, trabalhar ativamente para diminuir a desigualdade social.”
Esses elementos são essenciais para que o país não apenas recupere os níveis pré-pandemia, mas também crie uma base sólida para o crescimento econômico sustentável. É necessário que políticas públicas eficazes e o comprometimento de todos os setores – governo, empresas e sociedade – atuem em conjunto para que a produtividade brasileira atinja um patamar competitivo no cenário global.
Angelo ainda afirma que “elevar a produtividade do trabalhador brasileiro possibilitará pensar em um futuro melhor para o país”. E, para isso, há a necessidade de todos, seja setores da sociedade, governo, empresas e cidadãos, se comprometerem”. Afinal, como destaca o professor, “não é este o destino que queremos para o nosso país?”