Brasília

Compra de autotestes cresce junto com covid na capital

De acordo com pesquisa realizada pelo Jornal de Brasília com farmácias da capital, os autotestes têm sido os produtos mais procurados

À medida em que despontam os novos casos da covid-19 no Distrito Federal, a procura por testes de detecção da doença pandêmica seguiu na mesma crescente e registrou aumento em farmácias e laboratórios da capital nos últimos 15 dias. De acordo com pesquisa realizada pelo Jornal de Brasília com farmácias da capital, os autotestes têm sido os produtos mais procurados e os agendamentos passaram a lotar as agendas das que realizam a testagem.

De acordo integrante do Sincofarma-DF, Francisco Messias Vasconcelos, a grande procura nesta época de frio está movimentando as vendas dos autotestes, uma vez que o prazo de contrato para testes rápidos gratuitos com a Secretaria de Saúde (SES/DF) venceram.

“O autoteste está com toda a força agora. Ele não teve saída de início, mas nessa mudança de tempo agora, nesse período em que muitos pegam resfriado e gripe, as pessoas ficam em dúvida e não sabem se estão ou não com a covid-19”, descreveu Francisco. Entretanto, segundo o representante, há “muita dificuldade” para conseguir novos produtos atualmente com os fornecedores.

Francisco explica que “está faltando matéria prima” para a produção de grande parte dos autotestes, além da dificuldade de trazer os produtos vindos do Oriente. “Com a China em lockdown, as indústrias estão funcionando de forma lenta, então demora para chegarem novos [testes]”, explicou.

Em três das farmácias ouvidas pela reportagem, o produto estava ou em falta, pela grande quantidade de procura, ou com pouca quantidade em estoque. “Estávamos com mais de cem há duas semanas, mas agora se temos dez é muito”, relatou uma vendedora de uma drogaria da Asa Sul. “Toda vez que chega um novo carregamento, agora os testes chegam em pouca quantidade, e já acabam”, contou outro atendente de outra rede.

Acessibilidade

No centro da cidade, a média de preços dos produtos é parecida, entre R$ 67,00 e R$ 69,00. Em Ceilândia, por outro lado, segundo Francisco, é possível encontrar alguns testes por R$ 59,00. Há também aquelas que fazem preços menores para clientes que levarem dois, saindo de R$ 10,00 a R$ 20,00 mais baratos cada item.

“O problema é que muita gente não pode pagar. O serviço público tem bastante teste, mas muitas vezes não tem mão de obra para atender toda a população. Tem lugares [postos de saúde e Unidades de Pronto Atendimento] distribuindo senhas até, tendo fila para fazer os testes”, afirmou Francisco. De acordo com a SES/DF.

Ao todo, são mais de 500 mil testes disponíveis em estoque geral na rede da Secretaria. A quantidade específica em cada região está sendo monitorada e controlada pelas próprias unidades de saúde pública locais. Até o momento, não há previsão para o retorno dos testes gratuitos realizados em parceria da SES com farmácias do DF. A quantidade de testes a serem aplicados estava sujeita aos estabelecimentos comerciais cadastrados.

A pasta ressalta ainda que o autoteste não tem validade confirmatória para a covid-19, sendo necessário, após realizar o exame em casa, “procurar alguma unidade de saúde ou laboratório, na rede pública ou privada, para confirmar o diagnóstico”.

“O atendimento de testagem ampliada para a população em geral ocorre na UBS 1 da Asa Sul (612 Sul) e na Rodoviária do Plano Piloto. As demais UBSs atendem a população de residência na área de abrangência de cada unidade e aplicam o teste conforme critérios estabelecidos em protocolo”, complementou.

Laboratórios

A busca por testes cresceu também dentro de laboratórios do DF. No Centro de Excelência Física de Brasília (Cefis), na quadra 102 da Asa Sul, o aumento foi de cerca de 140% em comparação com o período de menor proliferação da covid-19 no DF, em meados de março. Apenas na última segunda-feira (6), foram 60 testes realizados durante o dia.

De acordo com o diretor geral da unidade, Fábio Veras, o novo aumento da demanda, porém, é significativamente menor que o registrado na última onda da doença pandêmica na capital, quando facilmente mais de cem testagens eram feitas diariamente. “Tivemos um aumento, realmente, mas ainda não é o mesmo de janeiro e fevereiro, com certeza. Em 6 de janeiro [há cinco meses], foram 180 testes. Tínhamos muita fila e foi bem surpreendente a procura”, afirmou.

O teste mais procurado é o PCR, que, com o avanço da tecnologia de testagem, pode emitir resultados em 30 minutos, aumentando a capacidade de pessoas atendidas. “Temos visto que o número [de resultados positivos] aumentou proporcionalmente com a quantidade de busca pelos testes”, acrescentou o diretor.

Casos em alta

Na última segunda-feira (6), os registros de novos casos juntamente com os resultados do fim de semana somaram 6.679 pessoas contaminadas pela covid-19, o que representa uma média de aproximadamente 2.226 pessoas em cada dia. Há duas semanas, na segunda-feira do dia 23 de maio, foram registrados 965 novos casos, sendo em torno de 321 pessoas entre sábado, domingo e aquele primeiro dia útil da semana. O crescimento foi de cerca de 592% nos casos registrados.

Devido ao aumento repentino, estimulado pelo frio característico desta época do ano, cogitou-se a volta do uso de máscaras no DF em ambientes fechados na última sexta-feira (3) pela SES/DF, a fim de mitigar a disseminação do vírus. A possibilidade foi descartada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) por considerar que as internações e os óbitos decorrentes da covid-19 estão em níveis baixos.

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